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Autismo e bullying

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Bullying é um assunto recorrente na mídia e nas escolas. Talvez até por essa razão, vemos que houve uma certa banalização do termo. 

O bullying se caracteriza por agressões físicas ou psicológicas sistemáticas cometidas com o objetivo de intimidar, humilhar ou ferir pessoa vulnerável. Há um desequilíbrio na relação de poder entre os envolvidos, em que o agressor (ou os agressores) considera-se numa posição de superioridade (hierárquica, econômica, social, física ou cognitiva) em relação à vítima. Os atos de agressão podem passar completamente desapercebidos. Ocorrem fora da supervisão dos adultos, em banheiros, redes sociais, encontros fora da escola, de modo furtivo e dissimulado. Por isso chegam a causar espanto quando são descobertos.

Todos sabem que as consequências do bullying podem ser devastadoras, com grave impacto na saúde física e mental das vítimas, levando a sérios prejuízos em seu comportamento, aprendizado e vida social. Algumas vezes as consequências são trágicas.

Infelizmente, ouço muitas histórias de bullying no meu trabalho com pessoas neurodiversas. Dificilmente se passa uma semana sem um novo relato.

A percepção dos autistas em relação ao bullying

O déficit da Teoria da Mente e a dificuldade em interpretar as intenções das outras pessoas e o contexto social podem ter muitas implicações nesse sentido. 

De um lado, esses fatores podem exercer um certo “papel protetor” do autista, principalmente na infância. Muitos comentários e gestos podem simplesmente não ser registrados e perdem o propósito. Mas essa mesma “inocência” pode instigar instintos de maldade de alguns colegas, transformando essas pessoas em alvos de “armações” na classe. 

A coisa toda tende a piorar na adolescência, quando tudo muda: o autista torna-se geralmente mais atento à dinâmica social que ocorre à sua volta, os tais instintos de maldade de colegas podem estar mais aguçados (pela necessidade de autoafirmação e pertencimento ao grupo própria da idade) e a proteção dos adultos responsáveis não é mais muito eficaz (os adolescentes passam a conviver em outros ambientes – muitos virtuais – e a ter códigos próprios). A própria busca do autista por pertencimento pode fazer com que ele não apenas omita a ocorrência do bullying, como seja até conivente com ele, em troca de aceitação.

 

A menor compreensão dos códigos e do cenário social como um todo aciona o botão de medo no cérebro. Sensações difusas de apreensão e ansiedade se instalam levando a um estado de hipervigilância (afinal, não se sabe de onde pode vir a próxima ameaça). Em alguns casos, é a percepção muito particular do autista que torna determinada vivência aversiva (como, por exemplo, interpretar que todos que dão risada de algo na classe estão rindo às suas custas). Além disso, a dificuldade de pedir ajuda ou a angústia por não se sentir capaz de lidar sozinho com a situação contribuem para aumentar seu sofrimento.

As reações podem ser bem diversas, de acordo com características pessoais de cada um. Alguns se fecham ao contato social, resistem a sair de casa, podendo mesmo chegar a abandonar a escola e atividades de lazer. Outros apresentam comportamento agressivo (auto e/ou heteroagressivo) que pode manifestar-se apenas em determinados ambientes. Ainda outros exteriorizam seu sofrimento em queixas físicas: alterações de sono, apetite, dores, mal estar.

O trabalho com autistas adolescentes precisa abordar questões comuns da idade (transformações físicas, busca de identidade, sexualidade, vivências sociais), “traduzir” com clareza as experiências reais do cotidiano e focar no desenvolvimento ferramentas para lidar com as situações que podem surgir (assertividade, segurança pessoal, resolução de conflitos e busca de ajuda). Também há necessidade de formação continuada dos professores para perceber o bullying e criação de uma rede de proteção que possa ser acionada sempre que necessário.

CRM 78.619/SP

Dra. Raquel Del Monde

É médica formada pela USP – RP (1993), com residência em Pediatria pela Unicamp (1996) e Treinamento em Psiquiatria da Infância e Adolescência também pela Unicamp (2013). Viu sua carreira mudar quando seu filho mais velho recebeu o diagnóstico de autismo em 2006. Desde então, vem se dedicando exclusivamente ao atendimento de pessoas neurodiversas, ao aprofundamento nas questões da neurodiversidade, e tornou-se uma ativista da luta anti-capacitista.

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