Pessoalmente, não gosto de questionários, listas de “sintomas”, quizzes e coisas do tipo. Não acho que consigam alcançar a complexidade dos processos cognitivos por trás dos comportamentos que supostamente levariam à identificação de um diagnóstico. Principalmente porque não consideram (ou consideram de forma superficial) o contexto em que os comportamentos ocorrem, o que é justamente o ponto chave nessa questão. Também não levam em conta a trajetória do indivíduo, no sentido de detectar as estratégias que já foram assimiladas por ele ao longo da vida e o suporte que recebeu do seu ambiente, além de não ajudarem na definição daquela linha tênue e arbitrária que delimita os prejuízos causados na vida daquela pessoa.
Isso não quer dizer que eu não reconheça a utilidade deles.
Na coleta de dados para uma pesquisa, faz-se necessário o uso de um instrumento para padronizar as informações. Para alguns profissionais, esses questionários ajudam a direcionar a anamnese e a observação clínica. Para o público em geral, as listas e quizzes (também os posts que mostram características de várias condições, em formatos variados nas redes sociais) podem servir como alerta. Afinal, é assim que muitas e muitas pessoas que se identificam com esses sinais resolvem finalmente ir em busca de ajuda.
O problema é quando algum carinha famosinho do TikTok (ou do Insta ou do YouTube), que não sabe nada de saúde mental, resolve fazer um videozinho mostrando os sintomas de uma condição (não só TDAH, como também autismo, transtornos de personalidade etc) só pra viralizar. Espalham desinformação e ainda dão munição para que psicofóbicos de plantão reforcem seus preconceitos que invalidam transtornos neuropsiquiátricos reais. Em troca de likes e visibilidade. Essas pessoas não têm noção das consequências dessa banalização virtual de diagnósticos.
Precisamos ter responsabilidade quando compartilhamos informações e discernimento quando consumimos conteúdo relacionado à saúde.