Um novo estudo publicado ontem, 24 de março, pelo CDC (Centro de Controle de Prevenção e Doenças), indica que 1 em cada 36 crianças americanas com 8 anos de idade são autistas – um número maior do que o divulgado no estudo anterior, em 2021 (1 em cada 44). Toda vez que esses dados são atualizados e apontam uma prevalência maior do que a anterior, é comum vermos pessoas se perguntando ao que se deve esse aumento de casos – algumas até engajando em teorias da conspiração e procurando culpados nos mais diversos lugares (microondas, telas… a lista é quase interminável).
Não temos uma epidemia – como reafirmamos a cada aumento da prevalência de autismo na última década. O que temos é uma condição neuropsiquiátrica bastante complexa, muito pouco compreendida no passado, que passou por várias revisões em termos de critérios diagnósticos e que vem, cada vez mais, sendo reconhecida pelos profissionais e pelo público em geral, o que, obviamente, se reflete nas estatísticas.
E se em vez de anunciar a nova prevalência estimada do autismo com notas de temor e sobressalto, fosse anunciado em tom otimista que agora já temos conhecimento e ferramentas para identificar o TEA de forma mais condizente com a realidade?
Meu filho foi a primeira pessoa da família a receber um diagnóstico de autismo, mas posso garantir que não é o único. Tenho parentes que apresentavam muitas características do TEA, inclusive uma tia, com maiores limitações, que foi internada diversas vezes em hospitais psiquiátricos, sem diagnóstico algum. Infelizmente, viveram em uma época em que o conhecimento era muito escasso. Não tiveram a oportunidade de ter suas dificuldades compreendidas nem de receber a ajuda adequada.
Autistas não deixam de ser autistas quando não são diagnosticados.