Disforia Sensível à Rejeição

‘Disforia Sensível à Rejeição’ é um termo que tem sido usado com frequência na comunidade neurodivergente para descrever um padrão de reações intensas a qualquer atitude de outra pessoa que possa ser interpretada como rejeição ou crítica, mesmo quando a intenção passa bem longe disso. Um comentário neutro, um olhar enviesado, mesmo um conselho ou sugestão pode ser vivenciado como um ataque pessoal. Sentimentos como vergonha, humilhação e tristeza afloram de forma descontrolada, originando reações irracionais e desproporcionais aos olhos das outras pessoas.

Indivíduos que apresentam DSR tendem a ser perfeccionistas e se guiam por princípios elevados e rígidos. Muitos são críticos severos de si mesmos, com baixa autoestima/autoconfiança e sem compaixão por suas falhas. Por isso, vivem em estado de hipervigilância e extraem significados negativos em falas e comportamentos dos outros, sofrendo intensamente com isso.

A maneira de lidar com esse sofrimento varia bastante, de acordo com a personalidade e o ambiente de cada um. Alguns explodem e reagem com comportamentos agressivos, alguns caem no choro, outros ainda guardam a mágoa para si. Além disso, podem desenvolver formas de evitar qualquer possibilidade de críticas ou rejeição, seja esquivando-se de situações nas quais podem ser “julgados” (assim perdendo oportunidades sociais, educacionais ou profissionais valiosas), seja tornando-se uma pessoa que tenta incessantemente agradar a todos, às custas dos próprios desejos e necessidades, quase que desculpando-se por existir.

Disforia sensível à rejeição não é um diagnóstico, nem um termo oficial. É um padrão comportamental que parece representar dificuldades na regulação emocional em resposta a sentimentos de inferioridade. Costuma estar associado a TDAH, TEA e outros transtornos neuropsiquiátricos e, como eles, parece ter uma predisposição genética.

É fundamental que pessoas que se identifiquem compreendam esse padrão de desregulação emocional e como ele se manifesta em sua vida, para que consigam então desenvolver estratégias para lidar com esses sentimentos de forma mais saudável.

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CRM 78.619/SP

Dra. Raquel Del Monde

É médica formada pela USP – RP (1993), com residência em Pediatria pela Unicamp (1996) e Treinamento em Psiquiatria da Infância e Adolescência também pela Unicamp (2013). Viu sua carreira mudar quando seu filho mais velho recebeu o diagnóstico de autismo em 2006. Desde então, vem se dedicando exclusivamente ao atendimento de pessoas neurodiversas, ao aprofundamento nas questões da neurodiversidade, e tornou-se uma ativista da luta anti-capacitista.

TODO AUTISTA CRESCE: Um movimento pela informação sobre o autismo em adultos

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