Falar de amor e romance alegra a vida.
Ninguém se arrisca a explicar o conjunto de elementos indefinidos que aproxima duas pessoas. Não é só a química, a atração física. Tem a ver com encanto, com reconhecer algo no outro que desperta a vontade de estar junto e ficar junto.
Sim, autistas também se apaixonam. E namoram, brigam, casam, separam, sofrem e amam de novo. Do seu modo muito particular. Na adolescência, o interesse por outra pessoa costuma aparecer mais tardiamente em relação aos pares neurotípicos. As dificuldades na comunicação social cobram um preço mais alto nessa fase: não saber como se aproximar, como elaborar os sentimentos ou o desconhecimento do jogo de sedução/ ser direto demais podem ser motivos de frustração e ansiedade. Não é à toa que a internet e a interação virtual sejam os grandes cupidos da vez. Sem contar que, muitas vezes, as questões sensoriais deixam a proximidade física e a troca de beijos e carícias em segundo plano – quando não mesmo indesejáveis.
O déficit de Teoria da Mente pode ter um efeito libertador na escolha do parceiro. A falta de preocupação com “O que será que vão pensar?” resulta mais frequentemente em escolhas desprendidas de expectativas sociais em relação a idade, aparência e modo de viver.
Aquele jeito “oito ou oitenta” de ser (rigidez de pensamento) aflora muitas vezes na forma de relacionamentos estilo Cazuza, exagerados! Um paciente comprou aliança para a namorada logo na primeira semana; um outro trancou a faculdade para poder se dedicar ao relacionamento.
Ao longo do tempo, são as afinidades entre o casal que parecem importar mais: o apego à rotina, interesses semelhantes (ou os mesmos hiperfocos!), a compreensão do “funcionamento” do outro. E, caso você esteja pensando que um certo grau de “atipicidade” dos dois (ao molde Sam e Paige, do Atypical) seja um dos fatores da união dos pombinhos, você acertou! Nem vou dizer como isso fica claro pra mim em alguns pais e mães de pacientes…
Para os desenvolvedores de aplicativos, fica aí minha dica: Atypical Match!