O nome de Nise da Silveira, uma das primeiras médicas formadas no Brasil e mulher que dedicou a sua vida à psiquiatria, é bem conhecido entre as pessoas que se interessam por saúde mental. Inconformada com a falta de humanidade no tratamento dos pacientes internados no hospital em que trabalhava, recusou-se a tomar parte neles e começou, intuitivamente, sua jornada em busca de compreender mais a fundo os transtornos mentais e como poderia contribuir para a recuperação daquelas pessoas.
Nise era uma grande observadora. Afirmou, numa entrevista ao jornal O Globo, que a observação dos pacientes, no convívio diário com eles, foi o ponto de partida para a estratégia utilizada por ela: o uso da expressão artística como método terapêutico. Ela havia percebido que só a observação atenta e cuidadosa conduz ao entendimento – como eu também acredito. E que as pessoas se deixam conhecer à medida em que se sentem seguras, num ambiente onde encontrem respeito e afeto.
Com a humildade dos verdadeiros mestres, Nise reconhecia que os próprios pacientes indicaram o caminho a seguir.
”Acho que as teorias são instrumentos de trabalho, como os martelos. Mas, conforme o trabalho e a pessoa, devemos nos ajeitar com um ou outro instrumento.”