Chamamos de hiperfoco a um interesse que se caracteriza por ser intenso, com caráter quase obsessivo. Muitas vezes, esse interesse consome uma boa parte do tempo da pessoa, e não raramente chega a atrapalhar a realização de outras atividades.
O hiperfoco de pessoas autistas abrange assuntos os mais diversos possíveis, desde temas bem comuns para sua faixa etária até alguns mais excêntricos.
Esse assunto de interesse extremo pode ser uma pessoa?
Há alguns dias me fizeram essa pergunta. E sim, pode – embora não seja muito comum.
Quando é o caso, o interesse pode se referir tanto a alguém da “vida real” (que o autista conhece pessoalmente ou alguém que admira de longe: cantores, atores, atletas, celebridades) como da ficção (personagem de filmes ou séries). Como acontece com outros hiperfocos, o autista passa a se interessar por tudo que diz respeito a essa pessoa: sua biografia, seus gostos, suas atividades, suas conquistas. Lê ou assiste tudo o que pode sobre ela e muitas vezes desenvolve sentimentos de afeto e mesmo adoração por ela.
Na maior parte das vezes, esse interesse é inofensivo. A preocupação dos que convivem com o autista aparece geralmente quando o hiperfoco envolve uma pessoa ruim (como um serial killer), alguém que representa um risco (líder de seita, por exemplo) ou quando a fixação ultrapassa limites razoáveis e torna-se uma perseguição (comportamento stalker).
Nesses casos, a intervenção profissional pode ser necessária para ajudar a entender os elementos que estão por trás do interesse e a demarcar as fronteiras de comportamentos aceitáveis ou não.