Todo mundo conhece essa situação: você e um desconhecido (ou alguém que você mal conhece) reunidos em circunstâncias aleatórias – elevadores, salas de espera, etc. Ignorar a existência da pessoa não é uma opção civilizada.
Então a gente puxa assunto para evitar o silêncio constrangedor: “Esfriou hoje, né? Vi que tem uma massa de ar frio vindo do Sul”.
Às vezes, um detalhe aparente torna-se uma dica – por exemplo, a pessoa está com a camisa do time dela e você se anima a fazer um comentário sobre futebol. Não existe nenhum objetivo específico nessa comunicação, a não ser demonstrar amabilidade e boas maneiras. Simples assim.
Esse é o tal “small talk”, termo em inglês ainda sem tradução aceitável para o português. São diálogos em tom amistoso sobre assuntos neutros e considerados de interesse geral. Não há uma troca significativa na conversa, nem intenção de estabelecer uma relação. Nosso repertório de habilidades sociais geralmente oferece roteiros aceitáveis (comentários sobre o clima, eventos recentes, conhecidos em comum, aspectos do local em questão), capazes de cobrir o tempo de duração daquele encontro.
Autistas costumam relatar muito desconforto com o small talk. Não veem sentido em uma interação sem nenhum propósito específico e sofrem para encontrar comentários apropriados. Pode haver uma grande insegurança em relação a como será percebido pelo outro e receio de não contar com recursos para lidar com o desenrolar desse diálogo inesperado. Esse temor pode fazer com que evitem muitas situações e percam oportunidades de conhecer novas pessoas.
O treinamento de habilidades sociais deve incluir estratégias que permitam ao autista agir com segurança e tranquilidade nos momentos em que essa breve interação for desejável.