Essa semana me deparei com o termo “perfeccionismo moral” num post gringo e achei que tem muito a ver com relatos de alguns pacientes neurodivergentes (autistas e TDAH).
Na verdade, eu não sei se usaria essas palavras (perfeccionismo moral), mas a descrição do que significa foi bem familiar. Significa sentir culpa só de pensar em incomodar as pessoas, às vezes apenas por falar com elas ou dizer como está se sentindo naquele momento. Sentir que está desapontando as pessoas por não conseguir fazer as coisas “direito” ou do jeito “certo”. Um sofrimento pela sensação constante de inadequação e de ser inconveniente.
Não há autoestima que resista. Logo vem a necessidade de se desculpar por tudo: por não se expressar com clareza suficiente, por falar demais ou falar muito pouco, por reagir de forma inapropriada, por não corresponder às expectativas, por existir… Pode vir também a necessidade de tentar “compensar” os outros pelas supostas “falhas”: assumir tarefas que não são suas, fazer de tudo para agradar os outros, se adaptar a situações desfavoráveis e atender necessidades alheias que não são da sua esfera de responsabilidade.
Não é nem um pouco legal estar nessa posição. É triste e profundamente injusto. Ninguém deveria sentir que precisa se desculpar por não corresponder a expectativas que não consideram sua individualidade. Além de triste, pode ser também perigoso, pois a tendência a agradar pode ser um imã poderoso para abusadores em geral.
Se você reconhece esse padrão, busque ajuda profissional. É essencial entender como ele se manifesta na sua vida e o que você pode fazer para romper essa estrutura. Você não é uma peça com defeito.